sábado, maio 21, 2011

Historia da dança- Sapateado

Uma das hipóteses mais aceitas sobre o surgimento do sapateado é que ele tenha surgido na Irlanda, no século V, onde os camponeses que lá viviam usavam sapatos com o solado de madeira, que ajudavam a aquecer os pés. Esses solados faziam muito barulho ao contato com o chão. Os camponeses começaram, então, a brincar com esses sons, contruindo ritmos. Na época, a dança era conhecida como Irish Jig.
      Com a Revolução Industrial, o sapateado ganhou novos adeptos. Os operários ingleses usavam os sapatos de madeira para se protegerem do chão muito quente das fábricas. Durante os intervalos de trabalho, eles brincavam com os pés, criando diferentes ritmos. Essa dança era conhecida por lá como Lancashire Clog. Mais tarde os tamancos de madeira foram substituídos por moedas de cobre presas a sapatos de couro.
      As danças africanas, que uniam o trabalho dos pés a sofisticados movimentos de corpo também influenciaram o sapateado.
      Mais tarde, africanos e europeus, a caminho das Américas, trocaram experiências. Enquanto os Europeus centravam toda a sua atenção ainda nos pés, os negros já dançavam muito com o corpo e descalços.
      Mas foi na América que o sapateado começou a se popularizar. Entre 1909 e 1920 os EUA foram assolados por uma febre de dança, onde criou-se o fox trot e o turkey trot, entre outros. Começaram a surgir os sapatos com chapinhas nas solas e, no início da década de 20, o espetáculo “Shuffle Along” revolucionou os palcos da Broadway, dando início ao que hoje chamamos de Sapateado Americano. Foi a primeira apresentação de uma “chorus line” onde 16 bailarinas executavam a mesma coreografia. Em 1933, Fred Astaire fazia seu primeiro filme “Dancing Lady” e, junto com Ginger Rogers, Gene Kelly, Ann Miller e outros, criava a era dos grandes musicais.

O sapateado no Brasil

O sapateado é uma arte que vem sendo bastante difundida no Brasil. A demanda por aulas cresce todo dia, surgem academias especializadas, sua popularidade nos festivais de dança está em alta, grupos e companhias estão se profissionalizando e a mídia está abrindo cada vez mais espaço. É importante notar que essa tendência não é restrita ao tradicional eixo cultural Rio-São Paulo, mas passa por cidades do país inteiro, onde o sapateado está ganhando espaço e qualidade.
      Contudo, o sapateado é um fenômeno relativamente recente no Brasil e ainda tem um longo caminho pela frente. O grande obstáculo ao seu desenvolvimento foi a falta de tradição e as dificuldades que os professores encontravam para obter informações e material didático. Na disciplina do ballet clássico, o Brasil beneficiou-se da imigração de grandes mestres como Maria Olenewa, Tatiana Leskova e Eugenia Feodorova. O sapateado não teve essa chance. Os mestres consagrados, pessoas que conheciam por experiência própria a história do sapateado e que carregavam um conhecimento profundo do seu potencial, ficaram nos Estados Unidos ou na Europa.
      Tendo em vista essa ausência, é extraordinário que o sapateado tenha se desenvolvido tanto por aqui. Isso é resultado da grande dedicação dos professores locais que não pouparam esforços para levar adiante essa arte no Brasil, fazendo viagens de reciclagem, divulgando, trocando conhecimentos e passando-os adiante.
      Era até mesmo previsível que, com o desenvolvimento do sapateado no Brasil, este viesse a se tornar mais versátil, incorporando ritmos musicais da nossa cultura como o samba, a bossa nova, a chula e o xaxado, sem nos prender à convenção do sapateado tradicional. Criamos combinações de passos e sons que outras culturas não estão acostumadas a ver, como sambar sapateando. A técnica usada nos pés vem do sapateado americano, mas os ritmos são brasileiros e a movimentação é inspirada nas danças com raízes populares. Isso envolve o conhecimento, o uso e a adaptação de passos tradicionais da dança brasileira e o respeito da sua essência e ginga.
      Na nacionalização do sapateado, se destaca Valéria Pinheiro, uma cearense que mora atualmente em Fortaleza. Filha de um dançarino de xaxado, com quem aprendeu seus primeiros passos, está há anos pesquisando os ritmos do Nordeste e desenvolvendo uma linguagem muito própria no mundo do sapateado brasileiro.
 

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